segunda-feira, 10 de março de 2014

RESENHA – MARINA


Zafón e a sua capacidade de me emocionar em menos de 200 páginas... 


Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma de Letras
Número de páginas: 189

Na Barcelona dos anos 1980, o menino Óscar Drai, um solitário aluno de internato, conhece Marina, uma jovem misteriosa que vive num casarão com o pai idoso. Em passeios pela cidade, os dois presenciam uma cena estranha num cemitério e se envolvem na resolução de um mistério que remonta aos anos 1940.


     Essa sinopse é bastante incompleta, eu admito, mas se fosse mais desenvolvida acabaria revelando o final da obra. Não posso deixar que vocês desconfiem o que vai acontecer, pois o final dessa história é fantástico e eu seria a pessoa mais chata do mundo se contasse. Vou tentar expressar minha opinião sobre o livro sem dar nenhuma dica da resolução dessa maravilhosa trama macabra e de uma linda história de amor.
     
     Já fazia um bom tempo que eu queria ler esse livro, antes mesmo se conhecer o autor e as outras obras dele. O que despertou a minha atenção? Sendo bem sincera, a capa. A imagem da capa desse livro dá uma ideia de mistério e partida que ilustra muito bem o clima em que se desenvolve a história. Depois de ler outros livros igualmente excelentes do autor, finalmente li esse e entendi a preferência de tanta gente.
     
     Um dos personagens principais, Óscar, é um menino solitário e bastante perdido – no sentido de que não consegue encontrar seu lugar no mundo. Acho que isso fica bastante evidente desde o início do livro:


Na época, eu era um menino de 15 anos que mofava entre as paredes de um internato com nome de santo, nas margens da estrada de Vallvidrera.

pg. 9

     Óscar nunca se sentiu parte de algo. Ele vivia naquele internato no qual passava seus dias ansiando pelo momento em que o sinal tocava, as aulas acabavam e ele podia sair pelas ruas de Barcelona. Adentrando vielas que guardavam casarões esquecidos pelo tempo, em que apenas as lembranças permaneciam vivas, Óscar conhece a personagem título dessa obra, que acaba mudando sua vida para sempre e, embora isso pareça bastante clichê, acreditem, a história de amor entre eles é envolvente e nada irritante – como são muitos romances, na minha humilde opinião. Isso porque Zafón não peca em excessos quando se trata de relacionamentos amorosos em nenhum de seus livros.

    Após conhecer Marina e o pai da jovem, Germán, que vivem em um desses casarões esquecidos pelo presente, mas vivos no passado, o menino acaba construindo uma amizade com ambos como jamais fez com nenhuma outra pessoa.

     Após seguirem uma mulher até um túmulo no cemitério, Óscar e Marina se envolvem em um mistério terrível e macabro – bastante característico das obras do autor – que contempla uma série de subtramas bem desenvolvidas em um número tão pequeno de páginas.  Não vou me estender muito nessa parte da trama de horror, porque, apesar de eu ter gostado, a relação entre os dois jovens chamou mais minha atenção.

     Incrível como Zafón conseguiu, em menos de 200 páginas, construir uma personagem tão cativante e complexa quanto Marina. Não sei como ainda me surpreendo, já que todos os personagens do autor são bens construídos assim, mas tenho que admitir que Marina, até agora, foi a minha segunda personagem favorita dele (perdendo apenas para o Lazarus Jann, de As Luzes de Setembro). A relação entre a menina e seu pai, Germán, é linda, e a história da vida desse homem é triste e, assim como o lugar onde mora, marcada por lindas e tristes lembranças.

     Marina é uma obra essencial para os fãs de uma literatura nostálgica, melancólica, de horror e que vai dar um nó em sua garganta e marejar os seus olhos. Zafón nunca deixa de me surpreender. 

Trecho favorito: 
Meu amigo Óscar é um desses príncipes sem reino que andam por aí esperando que você o beije para se transformar em sapo. Entende tudo ao contrário, acho que é por isso que gosto tanto dele: as pessoas que entendem tudo direito acabam fazendo tudo às avessas, e isso, vindo de alguém que vive metendo os pés pelas mãos, é muita coisa. Ele olha para mim e pensa que não estou vendo. Imagina que vou evaporar se ele me tocar e que, se não me tocar, quem vai evaporar é ele. 
Pg. 183




 

 

4 comentários:

  1. Ai, me bateu uma vontade de ler agora, mas minha Wishlist já é muito grande.. :/

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    1. É um livro muito bem escrito, Luiz! Leia, não vai se arrepender...

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  2. Ja fiquei com vontade de ler!!!
    ai ai ai!!!

    também adorei a capa! =)

    teu blog é muito lindo!
    Parabéns!

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    1. Obrigada, Vanessa! =)
      Que bom que ficou com vontade de ler, é um livro que merece ser lido e relido...
      Abraços!

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