terça-feira, 25 de março de 2014

RESENHA – O CHAMADO DO CUCO


Caso você já saiba que esse é um romance policial e não quer ler essa resenha por ter medo dos spoilers, não se preocupe; eu não vou contar o final...




Autor: Robert Galbraith (Pseudônimo de J. K. Rowling)

Editora: Rocco

Nº de páginas: 447

   
      O Chamado do Cuco é uma bem elaborada trama policial que gira em torno da morte da bela, rica, bem sucedida e complicada modelo Lula Landry. Após ser considerado um suicídio, esse acontecimento trágico desperta as suspeitas do irmão da modelo, que procura o serviços do detetive Cormoran Strike para investigar esse controverso suicídio. Strike, que acabou de sair de um casamento desgastante e está afundado em dívidas, aceita, relutantemente, o serviço e, com a ajuda de sua eficiente e adorável secretária temporária, Robin, adentra em um mundo de supermodelos, estilistas famosos, rappers e relações bem duvidosas. Ao longo de 447 páginas, o leitor é envolvido em um enredo complexo e cativante em que cada diálogo expressa personalidades ambíguas e atitudes suspeitas.

     Confesso que, quando comecei a ler O Chamado do Cuco, estava com as expectativas lá em cima, afinal de contas, ele havia sido escrito pela autora de Harry Potter. Tudo bem, é um romance policial, não tem nada a ver com o Harry. Mas é a mesma autora! Então comecei a ler. Se eu não soubesse que a Rowling estava por trás de Robert Galbraith, eu teria abandoado o livro. Isso porque, apesar de gostar muito do gênero, fazia muito tempo que eu não lia um romance policial, e estava desacostumada com esse tipo de narrativa. Eu teria abandonado a leitura e deixado para ler em outro momento, mas resolvi confiar na autora. E não me arrependi.

     Apesar de a narrativa ter se mostrado um pouco cansativa nas primeiras páginas, o detetive Strike me conquistou desde o primeiro momento, assim como a Robin – e confesso que torci para que ela deixasse aquele noivo chato e tivessse um romance com o detetive.

     Eu não gosto de histórias que se passam nesse universo das celebridades, mas achei incrível a forma como a autora aborda a vida dessas pessoas. Os personagens pertencentes esse meio se mostram tão arrogantes, falsos e desprezíveis que é impossível não sentir raiva deles. Mas essa raiva vai, aos poucos, te transformando em pena. Uma pena diferente, é verdade. Não a mesma pena que sentimos quando vemos uma pessoa muito doente ou um cão machucado. A pena que sentimos de um ser humano que não percebe o quanto o seu universo é vazio e limitado, o quanto as aparências que luta por manter não significam absolutamente nada quando essas pessoas são descartadas como se nada valessem. A verdade é que, no fundo, ninguém se importa de verdade com essas pessoas; só olham para elas quando há algo que lhes beneficiem. No final, esses para os quais o mundo parece se curvar vão embora e cada um acaba se tornando apenas um nome.

     Essa questão foi a que mais marcou para mim. Sobre a outra, eu não posso comentar, pois revelaria o final da história – que é simplesmente SURPREENDENTE. Juro que havia pensado várias possibilidades durante a leitura, mas nenhuma delas contemplava um final tão perfeito. Eu arriscaria dizer que esse desfecho salvou a obra, mas isso seria injusto. O livro é ótimo e, apesar de não parecer logo à primeira vista, é profundo. Várias reflexões podem ser feitas a partir dessa leitura, e a última parte me pareceu bastante cruel e propícia às essas reflexões. Um misto de profundidade e frieza, personagens carismáticos e outros intragáveis e um clímax digo de J. K. Rowling. 


Trecho favorito (que vocês, provavelmente, só vão entender por que é o meu favorito quando fizerem a leitura do livro):


Ao se sentar, Strike notou mais duas fotos em porta-retratos de prata na mesa de cabeceira. Com algo semelhante a um choque elétrico, ele se viu olhando nos olhos de Charlie Bristow aos 10 anos, a cara gorducha, o cabelo com um discreto corte mullet: para sempre paralisado nos anos 1980, a camisa da escola com a gola longa e pontuda e o imenso nó na gravata, exatamente como estava quando acenou uma despedida a seu melhor amigo, Cormoran Strike, esperando que se reencontrassem depois da Páscoa.
p. 402


 

 Vontade de chorar toda vez que leio esse trecho. Então, vocês já leram esse livro? Gostaram? Ficaram com vontade de ler? Me contem nos comentários! 

Abraços e até mais!!!

 






17 comentários:

  1. Já ouvi falar muito desse livro e depois da sua resenha fiquei com mais vontade de ler..
    segui e curti..me visita.
    http://ateliedoslivros.blogspot.com.br/

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  2. Já faz um tempo que estou interessada nesse livro, mas ainda não tive oportunidade de lê-lo. Gostei da resenha!

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  3. Flávia, confesso que não sou um amante fiel de romance policial, mas ao ler sua resenha me senti curioso e tentado a ler esse livro ! Apreciei bastante a forma como você descreveu o ambiente situacional criado pela autora, assim como certas entrelinhas sensacionais. Parabéns pela resenha, um grande beijo minha linda.

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado, Rafael! Se eu fosse tu, daria uma chance para o gênero! =)

      Beijos!!!

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  4. Estou sofrendo faz um tempo por não ter esse livro! O gênero de romance policial não é o tipo de gênero que costumo ler, porém me propus a entrar nesse universo e ler alguns livros, pois sinto que vou me apaixonar perdidamente. Adorei sua resenha e cheguei a conclusão que necessito desse livro kkkk.
    Beijos
    http://ironicaadolescencia.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada, Yasmim! Que bom que se interessou por literatura policial! Desse gênero, te indico também os livros do Sherlock Holmes (são maravilhosos).
      Beijos!!!

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  5. Sério que tu teria abandonado o livro se não fosse da JK? :O
    Eu adorei a história, a narrativa, os mistérios. Durante a leitura eu até tentei esquecer que o livro era dela, pra não criar expectativas e tal.

    bjs
    http://www.confraria-cultural.com/

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    1. Sim, Alessandra, sério. Como eu disse, as primeiras páginas foram entediantes pra mim. Já fazia tempo que eu não lia romance policial e esse gênero tem características bem distintas. E em determinado momento, eu de fato esqueci que o livro era dela. Vale a leitura, com certeza! Beijos e obrigada pela opinião. =]

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  6. Bom dia!
    Apesar de o livro ser da JK, devo dizer que não tenho muita vontade de lê-lo e minhas expectativas sobre a obra são baixas. Muita gente só o leu por ser da JK e acho que esse ~favoritismo~ se dá em relação ao nome do autor. Mass, deixando isso de lado, fiquei muito feliz em saber que você não desistiu da leitura. Não é meu gênero preferido, e acho que por isso tenho um pouco de receio de ler. Quem sabe um dia eu não dou uma chance pra ele, né não?

    Beijinhos,
    Procurei em Sonhos

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    1. Claro, sempre é bom conhecermos gêneros diferentes! Quanto ao fato do muita gente ter lido só por ser da JK, acho natural, já que ela é uma excelente escritora que conquista fãs por todo mundo e a todo momento. Eu li o livro por gostar do gênero e por ser da autora...
      Obrigada pela opinião, beijos!!!

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  7. Deu vontade de ler *-*

    http://docegarotaamarga.blogspot.com.br/

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  8. Comprei a edição hardcover é linda! Como eu gosto muito do genero resolvi experimentar!

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    1. Também gosto muito do gênero, Maíra! Tu vai gostar... Como eu disse, o final não vai te decepcionar!

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  9. Eu amo a J. K. Porém, ainda não li este livro! Quero muito ler, ainda mais agora, depois desta resenha! Eu comecei a ler Morte Súbita, mas tive que parar pra estudar pra uma prova e acabei não pegando mais. Depois que eu ler Morte Súbita, vou dar um jeito de ir atrás deste. Adorei *-*

    Beijos <3
    http://livros-cores.blogspot.com.br/

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